domingo, janeiro 28, 2007

Osmose Musical

Sabem, quando você chega cansado do trabalho às duas da manhã, liga a TV e encontra Ivete Sangalo cantando em um festival à milhares de quilômetros de distância é que se liga em como os produtores de certos eventos não sabem reconhecer o que verdadeiramente agrada a mais gente.

Vou lhes contar algumas coisas para que tenham idéia do que eu estou falando. Ivete Sangalo vem ao sul do país e faz um show, atrai dezenas de milhares em público. Um ano depois ela volta ao mesmo lugar, mas dessa vez apenas nove mil pessoas aparecem. Nada mudou na fama dela nesse ano que passou, continua a mesma de antes, isso se não tiver aumentado. Tá, nove mil pessoas é um baita público, mais do que a população urbana da minha cidade inteirinha, e prova que a música dela têm, sim, qualidade. Mas por quê diminuiu tanto de um show para outro?

A verdade por trás disso é conhecida por qualquer idiota com metade de um cérebro que já tenha pensado sobre o assunto. O mercado de música, no mundo todo, funciona por osmose, ou seja, o que faz sucesso não é o que o público gosta, mas sim aquilo que toca mais nas rádios, novelas ou o que for. E isso cria distorções como a que eu relatei lá atrás, dezenas de milhares vão a um show não pela música, mas pela oportunidade de ver alguém que sempre aparece na TV, e mais tarde nunca retornam, afinal, nunca gostaram mesmo daquela artista.

Sim, sim, aqueles do primeiro show pularam, cantaram junto e chamaram ela de gostosa. Mas veja só; se eu pagasse uma pequena fortuna para assistir um show de uma ou duas horas, também pularia feito um louco, cantaria junto e o que mais fosse, porque é exatamente isto que eu desejo quando vou num show, pouco importa se é uma cantora gostosa ou um orangotango dançarino que está no palco, eu quero é aproveitar a festa, porra!

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Sabem de quem eu não gosto? Prates

Para quem não conhece essa figura, o nome completo é Luis Carlos Prates, colunista do Diário Catarinense e comentarista ocasional em TV's e rádios do sul do país. Também podem olhar, no dicionário, a foto dele ao lado do termo "estúpido". É o tipo de cara que sente saudades da ditadura militar e acha que sempre está certo. Enfim, um completo imbecil.

Tá, tudo bem, às vezes ele escreve algo decente, como quando fala que o criminoso até pode se livrar de uma acusação e sair livre por seus crimes, mas será apenas uma vitória social, ele ainda perderá espiritualmente. Mas mesmo quando ele faz isso, ele consegue ser um idiota completo. Por quê? Falta de humildade. É sempre "EU estou correto", "os OUTROS estão errados", "se o mundo fosse como EU quisesse estaríamos melhores" e coisas desse naipe.

O pior mesmo é quando ele resolve falar de educação. Sempre com estupidez, defende disciplina militar na sala de aula, fim dos direitos dos alunos e outras macaquisses do gênero. Querem saber o que eu acho? Que ele é mentiroso. Que suas opiniões e posições supostamente "firmes" são apenas para ganhar a simpatia do público ignorante, que é a maioria.

Enfim, eu odeio esse mané, por mim a página dois do Diário Catarinese inexistia, assim como ele mesmo.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Aproveitando a onda

100 milhões de celulares. Ok, vocês devem estar cansados de ouvir sobre isso nos noticiários, então vamos direto ao que interessa. Eu odeio celulares. Sério, eu sei que eles são ótimos praquilo e praquilo outro e bla, bla, bla. Mas é uma merda completa para alguém relativamente distraído como eu. Você está na sala de aula, o celular toca. Cinema, o celular toca. Você está em um motel às 4 da manhã com aquela gata, e a porra do celular toca!

Isso quando a bateria não acaba quando você mais precisa dele. Ai pode dar adeus para aquele esquema que você estava montando para o final de semana, isso se não for a ligação do seu chefe que pode te custar o emprego. Tudo porque, diabos, esqueci de carregar o maldito celular quando tive chance.

Mas o que irrita mesmo são os malditos “toques” que as garotas adoram dar. Diabos!!! Será que essas minas não se tocam que podem estar incomodando? Quero dizer, eu não estou namorando com elas, não estou ficando com elas, merda, não estou nem mesmo comendo elas! E mesmo assim tenho que aguentar elas atrapalhando a minha vida? Vão tudo pro inferno, é o que eu digo!

Comprei meu celular com quatorze anos, parti o desgraçado em mil pedaços na parede antes de completar dezesseis. Minha vida se tornou muito mais tranquila depois daquele dia. Acho que foi a melhor coisa que eu fiz em todo aquele ano. Quer falar comigo? Manda um e-mail, liga pra minha casa ou para o meu trabalho. Não pode esperar? Te vira, um estudante não tem compromissos realmente sérios que justifiquem sacrificar sua paz de espírito.

Só fui ter outro celular recentemente, há uns quatro meses, às vias de completar dezenove. E isso porque eu tive de comprar. Precisava dele para que meus clientes do negócio de assistência técnica pudessem me ligar. Mas dessa vez aprendi a lição, há apenas oito pessoas que tem meu número: meus pais, meus dois irmãos, meu melhor amigo, minha namorada e minha futura namorada, além de um antigo professor do curso de programação para quem eu estou trabalhando à encomenda. O que interessa é isto, o resto é encheção de lingüiça.

Nume, que estava com isso entalado na garganta já faz uns anos.

sábado, janeiro 13, 2007

Construa o seu amor

Nós podemos nos apaixonar por alguém a primeira vista, é verdade, mas é o que vem depois que faz com que o amor nasça. Sair para ir ao cinema ou ao restaurante, fazer uma declaração pública de amor ou mesmo ter aquela singela atitude de passar um longo tempo abraçados. São os momentos agradáveis que passamos juntos das pessoas que fazem com que uma paixão se torne um amor. Ou que um amor se perpetue.

Paixão é uma reação química, uma decisão que a mãe natureza nos impõe para garantir que façamos sexo e assim perpetuemos a espécie. E sendo um fruto da natureza, a paixão está presa ao seu ciclo de nascer, crescer, dar frutos, envelhecer e morrer. Amor, o verdadeiro, é um sentimento construído. Amor é uma arte. E como arte é infinitamente mais duradoura que qualquer um de nós, sendo, como diria o poeta, “eterno enquanto dura”.

Por isso, não deixe de passar aqueles momentos agradáveis com as pessoas que participam da sua vida. Não se importe em faltar ao trabalho para ver seu filho na peça de teatro da escola; ou de usar aquele seu estimado 13º salário para sair com os amigos e, em uma festa homérica, gastar tudo numa noite; ou em deixar de fumar até o fim do mês para poder levar a patroa naquele restaurante chique; porque todos eles merecem. E você também.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Cyberesclusão Racial

Há menos de um ano, eu tinha uma conta no site americano MySpace. Deletei a danada no mesmo instante em que descobri que Rupert Murdoch comprou o site dos dois fundadores por algumas dezenas de milhões de dólares. Quem é Rupert Murdoch? Alguns de vocês vão se lembrar dele como o homem que inspirou o filme Cidadão Kane, mas o restante não precisa se preocupar em assistir ao filme (embora seja uma boa idéia), basta saber de uma coisa. Ele é maligno.

Murdoch faria qualquer coisa por mais dinheiro e poder, e isso porque é apenas o quarto homem mais rico do planeta. Quanto à poder, bem, imaginem um homem que controle quase toda a mídia mundial e a use em prol de seus próprios interesses financeiros. Esse é Murdoch.

Pois bem, voltando à história, a News Corporation (Sim, isso mesmo: “Corporação de Notícias”, um doce para quem souber responder de onde veio o nome do programa de TV que é tema de Battle Royale) adquire o MySpace, o Orkut americano, em mais uma parte de seu plano de dominação mundial da mídia. Certo, todos sabemos o quanto sites de relacionamentos são populares, mas também sabemos que isso não se reverte em renda tanto quanto parece. Então, porque um demônio louco por dinheiro iria se interessar por algo que não dá muita renda? Ah, meus amigos, não se esqueçam que, se existe algo que Rupert Murdoch ama mais que dinheiro, é poder. Por que ele pode usar este poder para ganhar mais dinheiro ainda.

Mas havia um problema no MySpace. Sites de relacionamentos não são uma redação de jornal onde você demite quem quiser quando quiser (sem pagar os direitos trabalhistas, claro, fica mais barato esperar pelo acordo na justiça, onde, além de pagar menos do que deveria, ainda pode enrolar anos enquanto o dinheiro deles faz mais dinheiro para você), porque ninguém ali é seu empregado. Não parecia haver um meio de manipular a informação no MySpace. Mas Murdoch parece ter aprendido algo com seus companheiros de negócios da direita americana, os Republicanos.

Em 2000, a eleição presidencial americana foi decidida por 573 votos. Al Gore, o candidato democrata, o partido de esquerda americano, perdeu, mesmo tendo ganho centenas de milhares de votos a mais que George W. Bush. Sim, parece loucura, mas na maior democracia do mundo o candidato mais votado nem sempre é o vencedor, não sei como eles chamam isso, mas eu sei como eu NÃO chamo: democracia. Mas enfim, isto não vem ao caso aqui, o que importa é que Bush não venceu a bizarra eleição americana. Ele a roubou.

Pela lei da Flórida, criminosos e ex-criminosos são proibidos de votar. Até ai, sem problema. O problema é quando o governo do estado decide criar uma lista de eleitores-criminosos com 90% de eleitores-não-criminosos. (Adivinhem o nome do governador? Uma dica: termina com “Bush”). Mas não seria só isso, é claro, que daria a eleição para Bush. Atirar no escuro mataria eleitores dos dois lados. Eles precisavam de mais, eles precisavam do grupo no qual 90% das pessoas votassem nos democratas, eles precisavam de negros e hispânicos na lista.

Como fazer isto acontecer? Simples, meu caro, é só colocar a raça como um fator discriminatório no programa de computador que caçava os criminosos através das listas de eleitores. Assim, um criminoso negro chamado Zé Ninguém eliminaria um negro chamado Zé S. Ninguém, mas não um branco com o mesmo nome. Percentualmente, os negros cometem mais crimes nos EUA, então, mais negros seriam retirados da lista de eleitores do que brancos. Simples, não?

E o que essa história tem a ver com o MySpace? He, pois bem. Hoje, dia 10 de janeiro, eu li no jornal a seguinte notícia “MySpace terá usuários com antecedentes criminais excluídos”, o resto eu deixo com a sua imaginação e bom senso, fica apenas esse comentário final: se você não pode demitir um usuário de esquerda do seu site grátis, então exclua-o de outra forma.

P.S: Para maiores informações sobre Rupert Murdoch e o roubo da eleição americana em 2000, recomendo que leiam os livros Mentiras e A melhor democracia que o dinheiro pode comprar, de, respectivamente, Al Franken e Greg Palest.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Ano Novo

Sabem como é. 31 de dezembro. Praia. Invariavelmente estou cercado de familiares, parentes e amigos (que, geralmente, incluem os amigos dos parentes e os amigos dos amigos de ambos), então começo a reparar nas cores das roupas, que, na virada do ano, representam os desejos que queremos ver realizados, e a pergunta que imediatamente surge em minha mente é: “Será tão simples?”.

Será basta desejar e esperar que alguma entidade superior sinta pena de nós e nos mande nossos desejos de forma que eles praticamente caiam na nossa cabeça (porque senão podemos deixar passar desapercebido)? Não, não é. Desejar algo é insuficiente, inútil. As coisas não surgem em nossa vida sem que trabalhe-mos por elas, e, se surgem, são apenas uma anormalidade, um fenômeno isolado, e, por isso, não se pode esperar que aconteça sempre.

Então, se não estiver disposto a controlar seu gênio, não use branco, porque a paz não vez na sua vida. Do mesmo modo, se não estiver pronto para o amor, não use o rosa, porque estará apenas a desperdiçar uma oportunidade que pode não se repetir. Se não pretende usar aquela camisa dourada depois da virada, não a compre, porque vai ser um problema ganhar dinheiro quando você já começa o seu ano o desperdiçando.

Ou seja, neste novo ano, acima de desejar paz, amor ou fortuna, trabalhe por eles. Construa seus desejos neste mundo com suas próprias mãos.

Cotidiano (aproveitando para contar uma cena minha dessa virada)

Dois amigos se reencontram na festa da virada de ano. Um deles, ao notar que o amigo estava com uma roupa normal, o mesmo jeans e camiseta de sempre, pergunta:
- E tu, meu amigo, com essas roupas, o que está desejando para esse ano?
- Não estou desejando nada, rapaz. Ou, quem sabe, eu esteja, sim, desejando algo. Desejando que este ano me surpreenda.